domingo, 10 de junho de 2012

A rameirada

Ao analisar a história recente de Portugal, desde o salazarismo até esta pseudodemocracia, resultante do golpe de Estado abriliano, não posso deixar de recordar o fado da sina. Até parece ter sido premonitório. De facto, está lá tudo – ouçam-no com atenção e certamente concordarão comigo. Desde o golpe dos capitães, temos sido governados em alternância por duas rameiras políticas (PS e PSD) que, quando se tornam incapazes de praticar sozinhas o fellatio político da nação, chamam uma terceira (CDS) a quem se destinam as sobras, mas que, como boa profissional do cunnilinguus político, quer sempre mais. E temos andado de lupanar em lupanar, convencidos de que isso é amor e o resultado é a “amargura, dor, tortura e esperanças perdidas”. Com a agravante de que o anseio pela democracia (no tempo salazarento) “foi uma ilusão, um amor que em segredo nasceu quase a medo para nosso sofrimento”. E agora que as rameiras nos apareceram travestidas de senhoras decentes, sofremos um “negro destino que temos de amargar” e a nossa “estrela de brilho divino deixou de brilhar”.

Só espero que o fado não seja profético e não se cumpra o seu diktat – com esta sina, “até morrer teremos de ser sempre infelizes”. Convenhamos, embora que o final deixa uma réstia de esperança – Deus marcou-nos com uma estrela. Só nos resta ir aos pés da cruz para a recuperar.

Façam-me o favor de serem muito felizes que nestas rameiras há muito deixei de confiar


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