domingo, 10 de junho de 2012

A rameirada

Ao analisar a história recente de Portugal, desde o salazarismo até esta pseudodemocracia, resultante do golpe de Estado abriliano, não posso deixar de recordar o fado da sina. Até parece ter sido premonitório. De facto, está lá tudo – ouçam-no com atenção e certamente concordarão comigo. Desde o golpe dos capitães, temos sido governados em alternância por duas rameiras políticas (PS e PSD) que, quando se tornam incapazes de praticar sozinhas o fellatio político da nação, chamam uma terceira (CDS) a quem se destinam as sobras, mas que, como boa profissional do cunnilinguus político, quer sempre mais. E temos andado de lupanar em lupanar, convencidos de que isso é amor e o resultado é a “amargura, dor, tortura e esperanças perdidas”. Com a agravante de que o anseio pela democracia (no tempo salazarento) “foi uma ilusão, um amor que em segredo nasceu quase a medo para nosso sofrimento”. E agora que as rameiras nos apareceram travestidas de senhoras decentes, sofremos um “negro destino que temos de amargar” e a nossa “estrela de brilho divino deixou de brilhar”.

Só espero que o fado não seja profético e não se cumpra o seu diktat – com esta sina, “até morrer teremos de ser sempre infelizes”. Convenhamos, embora que o final deixa uma réstia de esperança – Deus marcou-nos com uma estrela. Só nos resta ir aos pés da cruz para a recuperar.

Façam-me o favor de serem muito felizes que nestas rameiras há muito deixei de confiar


domingo, 3 de junho de 2012

Ensino da Matemática ao longo do tempo

Problema:

Na semana passada comprei um produto que custou 15,80€. Dei ao empregado 20,00€ e tirei da minha carteira 80 cêntimos, para evitar receber ainda mais moedas. O empregado agarrou no dinheiro e ficou a olhar para a máquina registadora, aparentemente sem saber o que fazer.

Tentei explicar que ele tinha de me dar 5,00€ de troco, mas não se convenceu e chamou o gerente para ajudá-lo. Ficou com lágrimas nos olhos enquanto o gerente tentava explicar e ele aparentemente continuava sem perceber. Porque estou eu a contar isto?

Porque dei-me conta de que a evolução do ensino de matemática desde 1950 foi assim:


1. Ensino de matemática em 1950:

Um lenhador vende um carro de lenha por €100,00. O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda. Qual é o lucro?


2. Ensino de matemática em 1970:

Um lenhador vende um carro de lenha por €100,00. O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda ou €80,00. Qual é o lucro?


3. Ensino de matemática em 1980:

Um lenhador vende um carro de lenha por €100,00. O custo de produção é €80,00. Qual é o lucro?


4. Ensino de matemática em 1990:

Um lenhador vende um carro de lenha por €100,00. O custo de produção é €80,00. Escolhe a resposta correcta, que indica o lucro:
( )€20,00 ( )€40,00 ( )€60,00  ( )€80,00 ( )€100,00


5. Ensino de matemática em  2000:

Um lenhador vende um carro de lenha por €100,00. O custo de produção é €80,00. O lucro é de €20,00. Está certo?
 ( )SIM ( )NÃO


6. Ensino de matemática em 2008:

Um lenhador vende um carro de lenha por €100,00. O custo de produção é €80,00. Se souberes ler coloca um X no €20,00.
 ( )€20,00  ( )€40,00 ( )€60,00 ( )€80,00 ( )€100,00


7. Em 2010 é assim:

Um lenhador vende um carro de lenha por €100,00. O custo de produção é €80,00. Se souberes ler coloca um X no €20,00. Se pertences a qualquer minoria social ou faltas muitas vezes às aulas não precisas de responder.
 ( ) €20,00