terça-feira, 9 de abril de 2013

Passos Coelho e o chumbo do OE

Se Passos Coelho é de facto um político, não fez o que fez inocentemente. Em verdadeira política nada se faz sem uma intenção consumatória ou instrumental (quando se faz bluff, quem o faz sabe que é bluff, porque a sua intenção é outra). O senhor de Massamá sabia que o OE seria chumbado. Ao insistir no erro (tanto mais que, havendo alternativas, indicou não ter plano B ) sabia o que estava a fazer e, logo, recorreu ao sentido instrumental da política. Qual seria? Aqui tanto podemos imaginar que: 1) não concordando com a existência do TC, quis abrir com ele uma frente de combate, vitimizando-se ainda por cima; 2) a constituição precisa de ser revista e está dado o mote para o PSD avançar com iniciativas nesse sentido; 3) teve sempre na manga medidas mais duras que as previstas e deste modo tem uma forte justificativa para recorrer a elas, com a desculpa de a isso ter sido forçado pelo TC.

A menos que: 1) Passos Coelho não sabe nada de política e não passa de um imberbe político ou de aprendiz de feiticeiro e não tinha mesmo plano B; 2) Passos Coelho reconhece intimamente que não tem jeito nem estofo para o cargo que ocupa e viu no chumbo do OE a oportunidade dourada para sair de cena (se for esse o caso, saiu-lhe o tiro pela culatra porque aquele senhor que só fala de vez em quando, o obrigou a ficar); 3) Passos Coelho não consegue disfarçar o seu défice de democracia e governar sem uma constituição que o atrapalhe ou uma constituição-fantoche é mais fácil.

O que eu sei é que, segundo os entendidos, quando o cabrão (ou o bode, se quisermos) recua, é porque se prepara para marrada bem forte. Lembram-se da proposta inicial do abaixamento da TSU? A marrada que se lhe seguiu foi muito mais forte. Agora, não será diferente. Volta, Sidónio, estás perdoado e traz de volta as sopas.

domingo, 10 de junho de 2012

A rameirada

Ao analisar a história recente de Portugal, desde o salazarismo até esta pseudodemocracia, resultante do golpe de Estado abriliano, não posso deixar de recordar o fado da sina. Até parece ter sido premonitório. De facto, está lá tudo – ouçam-no com atenção e certamente concordarão comigo. Desde o golpe dos capitães, temos sido governados em alternância por duas rameiras políticas (PS e PSD) que, quando se tornam incapazes de praticar sozinhas o fellatio político da nação, chamam uma terceira (CDS) a quem se destinam as sobras, mas que, como boa profissional do cunnilinguus político, quer sempre mais. E temos andado de lupanar em lupanar, convencidos de que isso é amor e o resultado é a “amargura, dor, tortura e esperanças perdidas”. Com a agravante de que o anseio pela democracia (no tempo salazarento) “foi uma ilusão, um amor que em segredo nasceu quase a medo para nosso sofrimento”. E agora que as rameiras nos apareceram travestidas de senhoras decentes, sofremos um “negro destino que temos de amargar” e a nossa “estrela de brilho divino deixou de brilhar”.

Só espero que o fado não seja profético e não se cumpra o seu diktat – com esta sina, “até morrer teremos de ser sempre infelizes”. Convenhamos, embora que o final deixa uma réstia de esperança – Deus marcou-nos com uma estrela. Só nos resta ir aos pés da cruz para a recuperar.

Façam-me o favor de serem muito felizes que nestas rameiras há muito deixei de confiar


domingo, 3 de junho de 2012

Ensino da Matemática ao longo do tempo

Problema:

Na semana passada comprei um produto que custou 15,80€. Dei ao empregado 20,00€ e tirei da minha carteira 80 cêntimos, para evitar receber ainda mais moedas. O empregado agarrou no dinheiro e ficou a olhar para a máquina registadora, aparentemente sem saber o que fazer.

Tentei explicar que ele tinha de me dar 5,00€ de troco, mas não se convenceu e chamou o gerente para ajudá-lo. Ficou com lágrimas nos olhos enquanto o gerente tentava explicar e ele aparentemente continuava sem perceber. Porque estou eu a contar isto?

Porque dei-me conta de que a evolução do ensino de matemática desde 1950 foi assim:


1. Ensino de matemática em 1950:

Um lenhador vende um carro de lenha por €100,00. O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda. Qual é o lucro?


2. Ensino de matemática em 1970:

Um lenhador vende um carro de lenha por €100,00. O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda ou €80,00. Qual é o lucro?


3. Ensino de matemática em 1980:

Um lenhador vende um carro de lenha por €100,00. O custo de produção é €80,00. Qual é o lucro?


4. Ensino de matemática em 1990:

Um lenhador vende um carro de lenha por €100,00. O custo de produção é €80,00. Escolhe a resposta correcta, que indica o lucro:
( )€20,00 ( )€40,00 ( )€60,00  ( )€80,00 ( )€100,00


5. Ensino de matemática em  2000:

Um lenhador vende um carro de lenha por €100,00. O custo de produção é €80,00. O lucro é de €20,00. Está certo?
 ( )SIM ( )NÃO


6. Ensino de matemática em 2008:

Um lenhador vende um carro de lenha por €100,00. O custo de produção é €80,00. Se souberes ler coloca um X no €20,00.
 ( )€20,00  ( )€40,00 ( )€60,00 ( )€80,00 ( )€100,00


7. Em 2010 é assim:

Um lenhador vende um carro de lenha por €100,00. O custo de produção é €80,00. Se souberes ler coloca um X no €20,00. Se pertences a qualquer minoria social ou faltas muitas vezes às aulas não precisas de responder.
 ( ) €20,00


quinta-feira, 27 de maio de 2010

A propósito da crise


É preciso que se saiba que:

... os portugueses comuns (os que têm trabalho) ganham cerca de metade (55%) do que se ganha na zona euro,






mas os nossos gestores recebem, em média:



- mais 32% do que os americanos;
- mais 22,5% do que os franceses;
- mais 55 % do que os finlandeses;
- mais 56,5% do que os suecos"

(dados de Manuel António Pina, Jornal de Notícias, 24/10/09)


E são estas "inteligências" (?) que chamam a nossa atenção: "os Portugueses gastam acima das suas possibilidades". Pois! Como dizia o Scolari: e o burro sou eu?